Renato não pensa em parar, sonha com Liberta e quer fugir das concentrações - Gazeta Esportiva
Renato não pensa em parar, sonha com Liberta e quer fugir das concentrações

Renato não pensa em parar, sonha com Liberta e quer fugir das concentrações

Gazeta Esportiva

Por Do correspondente Vitor Anjos

02/01/2017 às 08:00 • Atualizado: 02/01/2017 às 15:28

Santos, SP

Aos 37 anos e 'jogando de terno', Renato foi fundamental para o Santos em 2016 (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)
Aos 37 anos e 'jogando de terno', Renato foi fundamental para o Santos em 2016 (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)


Especialistas afirmam que os melhores vinhos são aqueles com mais tempo de vida. No futebol isso é diferente. Afinal, os jogadores jovens são bem mais valorizados, pois possuem um potencial de crescimento maior. Porém, um volante de 37 anos vem mudando esse estigma. Ídolo do Santos, Renato dá demonstrações claras de que realmente é como um bom vinho. Mesmo com a experiência, o atleta segue em alto nível e foi fundamental para o Santos conquistar o Paulistão, voltar à Libertadores após quatro anos e ainda ficar com o vice do Campeonato Brasileiro de 2016.

E mesmo em um Brasileirão recheado de jovens promessas, como o palmeirense Gabriel Jesus, que foi vendido para o Manchester City, da Inglaterra, Renato se destacou como o único jogador de linha que atuou em todas as 38 rodadas do torneio nacional. Mostrando que "quanto mais velho fica, melhor joga", o santista não pretende parar por aí. Com contrato até dezembro deste ano, o volante revelou, em entrevista exclusiva para a Gazeta Esportiva, que pretende renovar seu vínculo até o fim de 2018 e não pensa em pendurar as chuteiras tão cedo.

"Eu parei agora no último dia 11 de dezembro e volto dia 11 de janeiro (risos). Tenho contrato até o final do ano. Mas quero renovar até 2018. Estou me sentindo muito bem, cada dia que venho para o CT é um prazer enorme. E vou continuar no clube enquanto eu estiver com essa vontade e gana de jogar. Depois de 2018 eu sento com a família e vejo o que faço. Mas quero ir seguindo ano após ano, buscando sempre renovar enquanto estiver bem e o Santos me quiser", afirmou.

Uma das principais motivações para Renato seguir 'voando' pelo Peixe é o fato do clube disputar a Copa Libertadores da América após quatro anos de ausência. Em 2003, o volante estava no jovem grupo que foi batido pelo Boca Juniors e ficou com o vice. Neste ano, ele acredita que o elenco do Santos tem mais experiência para conquistar a competição continental.

"É o meu sonho. Em 2003 era uma equipe totalmente jovem e praticamente a mesma que venceu o Brasileiro em 2002. Faltou um pouco (de experiência). A gente sabe que a Libertadores é mais complicada. É um torneio diferente, muita mais competitivo, com mais contato. Os juízes deixam o jogo correr também. E tem a catimba, né. Existe aquela malandragem do futebol. Mas hoje acredito que o Santos tem grupo com mais experiência e maturidade que aquele de 2003. Sabemos que é dificuldade é grande, mas o sonho é maior ainda. É brigar neste ano, procurar fazer o melhor e ir com tudo para buscar o tetra para o clube".



E nesta temporada, Renato terá um novo "professor". Após saírem do Guarani e deslancharem praticamente juntos com a conquista do Campeonato Brasileiro de 2002, o volante agora verá seu ex-companheiro Elano com outros olhos. Afinal, o ex-meia encerrou a carreira em 2016 e será auxiliar técnico da equipe comandada por Dorival Júnior.

Mesmo sem cogitar a aposentadoria nos próximos anos, o camisa 8 do Peixe revelou que pretende seguir os passos do amigo e continuar trabalhando no clube após pendurar as chuteiras, mas com uma pequena condição: fugir da concentrações.

"Meu desejo é esse. Isso seria até uma forma de agradecer o Santos, que abriu as portas para mim. E é o clube do meu coração, sou santista desde pequeno. Se eu puder trabalhar assim como o Elano seria uma alegria imensa. Eu só quero evitar as viagens e as concentrações, pois sou cobrado em casa, principalmente pelos meus filhos, porque viajo bastante com o clube. E se eu ficar na comissão técnica seria sem a concentração, né. Teria que ter essa cláusula no meu contrato (risos). Eu ficaria ajudando mais aqui no CT Rei Pelé. Quero evitar a concentração para curtir mais minha família", concluiu Renato.

Leia a entrevista completa com o ídolo do Peixe:

Gazeta Esportiva - Você foi o único jogador de linha que disputou todos os jogos do Campeonato Brasileiro de 2016. Qual é o segredo para conseguir essa regularidade mesmo aos 37 anos? Qual a dica que você pode dar aos atletas mais jovens de hoje em dia?

Renato - "Acho que o segredo é parte da prevenção que eu faço sobre o meu corpo. E também a pré-temporada fez diferença no começo do ano. Aqui no Brasil a gente sabe que a viagens são longas e os jogos intensos. Fazendo uma boa pré-temporada ajuda bastante. E tem o preventivo do dia a dia, ir para a acadêmia e não ficar só no treino com bola. Eu costumo fazer musculação também. A gente procura passar isso para os garotos mais novos que têm mais vitalidade, mas não são máquinas, né. O trabalho preventivo é um acessório para evitar as lesões. Eu fico um pouco mais no CT Rei Pelé e gasto alguns minutinhos na academia para que possa aguentar todos os jogos. Quero agradecer o Dorival Júnior também, pois só consegui essa marca porque estava à disposição dele e ele me colocou nos jogos. Estou muito feliz com essa marca e procuro sempre dar o melhor nos jogos".

Gazeta Esportiva - O Elano se aposentou dos gramados e agora será auxiliar técnico do Santos. Como é para você ser treinado por um cara que praticamente começou ao seu lado no futebol?

Renato - "É um irmão, sempre falei isso. Agradeço muito a ele porque tudo que já fez por mim, principalmente no começo da minha carreira, me ajudou bastante. Vai ser um aprendizado a mais para mim. Ele já falou "me chama de professor". E apesar da amizade fora de campo, vou chamar ele de professor no dia a dia. A partir do momento que ele escolheu estar na comissão técnica tem que ter um respeito. E ele vai somar muito. Já vinha trabalhando com os jogadores. Conhece bem o clube também. O Santos é a casa dele, nele, né. Vai estar acrescentando ao trabalho do Dorival e trazendo coisas boas para o Peixe".

Gazeta Esportiva - Quem acompanha sua carreira percebe que você sempre foi muito regular. Mas nesta última temporada, mesmo aos 37 anos, você extrapolou as expectativas e mostrou até mais do que já tinha feito quando era jovem. Pode-se dizer que você é como um vinho, que fica melhor com o passar dos anos?

Renato - "Quando voltei ao Brasil e fui para o Botafogo eu não fiz a pré-temporada lá. Isso acabou me prejudicando e tive duas lesões sérias. Mas quando eu vim para o Santos consegui fazer a pré-temporada e isso fez a diferença. E a equipe também vem se sobressaindo. Ganhamos o Paulista, voltamos para a Libertadores e cedemos vários jogadores para seleções nacionais. Tenho que agradecer isso também. Não foi só a minha evolução que ficou evidente, mas sim de todo o elenco. Eu procuro sempre fazer o melhor e manter a regularidade, eu sei que é difícil por conta da idade. O lado bom é que tenho mais experiência. Tem coisas que com 21 anos eu não faria se tivesse a experiência q tenho hoje. Eu seria melhor dentro do contexto do campo na parte tática, mas isso a gente só aprende com o passar dos anos. E hoje eu me sinto bem, me sinto como um garoto, pensando de outra maneira e dando certo dentro de campo".

Gazeta Esportiva - Foi o melhor ano da sua carreira?

Renato - "Não sei se é melhor. Pois em 2002 foi muito bom. E teve 2003 também, que chegamos na final da Libertadores e fui convocado para a Seleção Brasileira. Mas hoje é um dos melhores anos sim. Estou com mais experiência, me sentindo bem e importante dentro do elenco".

Gazeta Esportiva - E por conta da longa carreira no Brasil, na Europa e na Seleção, você acaba passando um pouco dessa sua experiência para os mais jovens do Santos, principalmente para o Thiago Maia, que é seu companheiro de posição?

Renato - "O Thiago é um dos que eu falo bastante e o Léo Cittadini também. Eu tento passar para eles não se desgastarem à toa no jogo, mas isso é uma coisa deles mesmo. Os meninos têm muita vontade, querem pegar a bola e atacar com tudo. Mas depois tem que voltar para marcar. E isso causa um desgaste, tanto que eles acabam sentido bastante ao final dos jogos, mesmo sendo jovens. Afinal, eles são humanos. Mas aprendendo a 'correr certo' eles vão evoluir cada vez mais".

Gazeta Esportiva - Quem assiste um jogo do Santos não vê você correndo, mas te encontra em todos os lados do campo. Como você faz isso? Qual a mágica?

Renato - "São os atalhos do campo, né. É questão de estar atento ao jogo sempre. Eu procuro analisar tudo que acontece no gramado, cobrindo os espaços deixados pelos companheiros de ataque, principalmente o lado do Victor Ferraz, que sempre está atacando. Você pode perceber que eu sempre estou pelo lado direito. Faz parte da tática do Dorival".

Gazeta Esportiva - Você bateu na trave com o Santos na Libertadores de 2003. E agora com a equipe de volta à competição após quatro anos você acredita que consegue coroar sua brilhante passagem pelo clube conquistando o título?

Renato - "É o meu sonho. Em 2003 era uma equipe totalmente jovem e praticamente a mesma que venceu o Brasileiro em 2002. Tivemos a infelicidade de perder o Ricardo Oliveira por lesão e ele voltou só no fim. O Elano acabou se machucando também. O Reginaldo Araújo, que era o nosso lateral titular, acabou não jogando a final. Sofremos com alguns problemas que pesaram na decisão".

Gazeta Esportiva - Era nítido que aquele time do Santos tinha talento. Mas você acha que faltou experiência para pegar aquele Boca Juniors que estava voando?

Renato - "Faltou um pouco. A gente sabe que a Libertadores é mais complicada. É um torneio diferente, muita mais competitivo, com mais contato. Os juízes deixam o jogo correr também. E tem a catimba, né. Existe aquela malandragem do futebol. Mas hoje acredito que o Santos tem grupo com mais experiência e maturidade que aquele de 2003. Sabemos que é dificuldade é grande, mas o sonho é maior ainda. É brigar neste ano, procurar fazer o melhor e ir com tudo para buscar o tetra para o clube".

Gazeta Esportiva - Renato pensa em parar quando?

Renato - "Eu parei agora no último dia 11 de dezembro e volto dia 11 de janeiro (risos). Tenho contrato até o final do ano. Mas quero renovar até 2018. Estou me sentindo muito bem, cada dia que venho para o CT é um prazer enorme. E vou continuar no clube enquanto eu estiver com essa vontade e gana de jogar. Depois de 2018 eu sento com a família e vejo o que faço. Mas quero ir seguindo ano após ano, buscando sempre renovar enquanto estiver bem e o Santos me quiser".

Gazeta Esportiva - Mesmo sem saber quando vai se aposentar, você acha que dá para fazer o que o Elano fez, pendurando as chuteiras e seguindo no clube?

Renato - "Meu desejo é esse. Isso seria até uma forma de agradecer o Santos, que abriu as portas para mim. E é o clube do meu coração, sou santista desde pequeno. Se eu puder trabalhar assim como o Elano seria uma alegria imensa".

Gazeta Esportiva - Mas você trabalharia na comissão técnica como o Elano ou iria ajudar o clube de outra forma?

Renato - "Não pensei nisso ainda. Eu só quero evitar as viagens e as concentrações, pois sou cobrado em casa, principalmente pelos meus filhos, porque viajo bastante com o clube. E se eu ficar na comissão técnica seria sem a concentração, né. Teria que ter essa cláusula no meu contrato (risos). Eu ficaria ajudando mais aqui no CT Rei Pelé. Quero evitar a concentração para curtir mais minha família"

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